Já não é o corpo tomado, mas o próprio corpus de imagens que se transfigura em olhar. Daí, a experiência da arte de Veloso ser o encontro com um corpus em êxtase Texto na íntegra
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A palavra religião vem do verbo latino religare, que significa religar os homens. Então se essa palavra, se essa força, se essa junção, se essa crença que é a fé pode trazer paz às pessoas, que voltemos à sua origem etimologia no sentido de conectar, e não de separar as pessoas.
E ao mesmo tempo insistir que todos devemos respeitar a religião de cada um. No caso das religiões afro-brasileiras, esta violência está extremamente exacerbada, é algo que remonta a momentos obscuros da sociedade ocidental que é impor através de métodos sejam eles psíquicos, políticos, físicos etc. uma idéia sobre o outro.
E ao mesmo tempo pensar que a tarefa dos que querem um mundo mais democrático é não só trazer essas religiões afrodescendentes à visibilidade, mas compreender que elas – como Verger compreendeu, como Rubens Valentim – não estão no campo do folclore, elas não estão no campo da superstição, mas elas estão no campo dos valores, os mesmos que ligam as pessoas vídeo.
(…) Sua câmera é tenaz na busca por imagens da rica diversidade religiosa brasileira das diferenças e as convergências. Um tempo de insidiosa intolerância das doutrinas fundamentalistas no Brasil e no mundo, Guy Veloso aposta na arte como lugar como lugar de diálogo e de entendimento para a construção do respeito devido por todos a cada um. Nessa compreensão podem estar soluções para a humanidade” texto curatorial, Arte Pará 2014 (artista homenageado)
A fotografia de Guy Veloso desdobra-se em ângulos de captura da cena de exercício da fé. O conjunto transita entre a interioridade do ser, o êxtase e o corpo em estado de sublimação. Se é possível rezar sem entender as palavras (Derrida), em Veloso o espectador, não importa sua religião, comunga dos momentos de encontro com o sagrado. Contra as primazias e fundamentalismos religiosos, o artista aponta para a etimologia da palavra religião e a ideia de “religar” os homens acima de seus conflitos texto na íntegra
A fotografia de Guy Veloso nasce de sua discrição em infiltrar-se e cultivar intimidades leia o texto na íntegra.
Há uma ambiguidade de sentido na representação (…) que evocam o clima de insegurança tão presente no mundo globalizado leia o texto na íntegra.
É como se não estivéssemos mais vendo fotografias ‘sobre’ algo mas a coisa em si. Por vezes é necessário experimentar, expandir a linguagem, romper com os manuais, para que o realismo irrompa com maior contundência livro Geração 00 – A Nova Fotografia Brasileira, 2013
A fotografia deixa de ser apenas um suporte onde se grava impressões, para se tornar extensão da sua imersão profunda nesse universo. Deixa de ser relato de mão única para ser a expressão legítima e dialógica de um encontro com o outro, com o inominável, com o divino (…) A fotografia deixa de ser apenas um suporte onde se grava impressões, para se tornar extensão da sua imersão profunda nesse universo.
Deixa de ser relato de mão única para ser a expressão legítima e dialógica de um encontro com o outro, com o inominável, com o divino fotografia livro da Coleção Ipsis de Fotografia Contemporânea Brasileira, Vol. 06, Guy Veloso, 2016
Guy Veloso faz o trânsito entre fotografia documental clássica e ‘documental imaginário’. É uma nova força da fotografia documental brasileira que começa a despontar para o mundo leia o texto na íntegra
Veloso rompe o padrão clássico do documentarismo para representar o transe da fé. A experimentação leva o artista a buscar sintonia com seu referente. Ao expandir a linguagem, arriscar-se em seus limites e romper os manuais, realismo e imaginário parecem encontrar um ponto de equilíbrio da representação Exposição Documental Imaginário, Oi Futuro, Rio de Janeiro-RJ, 2012
É impossível não intuir o cheiro da poeira e da terra pisadas pela multidão, o clamor de benditos e ladainhas elevando-se das imagens dramáticas e sofridas.
(…) É o retrato granulado de uma redenção que não se consuma, de um Purgatório que continua ardendo, de um fim dos tempos que não se acaba leia o texto na íntegra
A obra de Guy Veloso prima pelo trabalho com a luz.
(…) Suas fotografias exploram gestos e feições limítrofes, muito próximas do esgotamento físico, da dor, do delírio e da paixão
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Qual a fronteira entre a fotografia documental e a artística? Com Robert Capa, já não se podia traçar a linha, e com Guy Veloso também não é simples. No entanto, recentemente, o trabalho do paraense foi vetado por um importante site por supostamente não se tratar de arte.
Seu apuro formal, as cores febris e o enquadramento dramático realçam a expressão, mais do que a informação, mas nem por isso convenceu a todos os críticos. Podemos inferir que tal rejeição se deva ao fato de Guy Veloso aparentemente aderir à religiosidade que retrata, em vez de analisá-la com olhar crítico.
O transe fotográfico de Veloso concilia-se com o transe religioso, levantando uma questão que não é apenas teológica. A arte deve nos convidar a um estado de enlevo, como o frenesi do fiéis, ou a um olhar reflexivo, de uma distância estratégica? Ou, talvez, ambos, simultaneamente?
Revista DAS ARTES, Ed. Outubro de 2010.
A obra de Guy Veloso resgata boa parte daquelas questões que fazem a identidade dos povos da América Latina (…).
Isto o conduziu a ser reconhecido em seu país e no exterior, com uma obra sólida, reveladora e com grandes valores estéticos Argentina, 2008
(Penitentes) Seu trabalho registra a sublimação criativa que não opera para negar ou destruir paixões, mas para lhe dar alcance ilimitado no terreno da criação simbólica. A criação para transcender a morte texto na íntegra
No Vale do Amanhecer, fiéis se vestem como reis e rainhas. Guy Veloso extrai dessa devoção alegórica um preto e branco faiscante, luz que estoura os limites da fotografia e parece descascar a película até o pó de prata.
Veloso registrou homens e mulheres de um dos templos da doutrina. Olhos abertos formam um contraponto entre a crueza da fotografia e a teatralidade barroca da comunidade religiosa. São olhares em êxtase que ultrapassam os limites desse claro-escuro, numa vertigem quase colorida Folha de São Paulo, 2010.
Guy Veloso apresenta as suas fotografias de fé. Não uma fé dogmática ou sistemática, mas a que transparece em imagens surreais e fascinam pelo desconforto que nos causam O Estado de São Paulo, 20.09.2010.
(Penitentes) Seu trabalho registra a sublimação criativa que não opera para negar ou destruir paixões, mas para lhe dar alcance ilimitado no terreno da criação simbólica. A criação para transcender a morte texto na íntegra